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Governo cria mosaico de UCs no Boqueirão da Onça

19/04/2018

Decreto assinado pelo presidente da República institui criação de um Parque Nacional e uma Área de Proteção Ambiental em área de 850 mil hectares com os últimos remanescentes de área contínua do bioma Caatinga.

O presidente da República, Michel Temer, assinou no dia 05 de abril decretos que criam  novas unidades de conservação, que serão geridas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Agora, terá um mosaico (Boqueirão da Onça) de duas unidades de conservação federais: um parque nacional (PN) e uma área de proteção ambiental (APA). Ao todo, serão aproximadamente 850 mil hectares protegidos no último remanescente da caatinga brasileira, protegendo uma rica biodiversidade, como a onça-pintada. A área é de fundamental importância para o felino que atualmente se encontra ameaçada de extinção.

Boqueirão da onça

O mosaico se situa nos municípios de Campo Formoso, Juazeiro, Sento Sé, Sobradinho e Umburanas, todas no estado da Bahia. O ambiente retém grande diversidade biológica de fauna e de flora típicos da Caatinga, além de importantes formações cársticas e sítios arqueológicos e palenteológicos. A implementação das unidades vai fortalecer a pesquisa científica e cultural, e também promover atividades de educação ambiental e recreação em contato com a natureza pela população local.

"A criação do Mosaico Boqueirão da Onça reforça a atenção e o interesse do ICMBio na proteção deste bioma tão importante e tão ameaçado que é a caatinga. Nosso compromisso é o de criar e implementar ainda mais o sistema nacional de unidades de conservação para que possamos preservar o patrimônio natural, cultural e social vindos do coração da caatinga", comemora o presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski.

É na APA que se encontra a Toca do Boa Vista, a maior caverna brasileira em extensão (97,3 km) e que se interliga com a Toca da Barriguda, formando assim, o maior conjunto de cavernas do Hemisfério Sul. Nas cavernas, se encontram patrimônios históricos e culturais de valor inestimável, datando do período pré-histórico. A área é também de fundamental importância para a onça-pintada (Panthera onca) que atualmente se encontra ameaçada de extinção. Na Caatinga, o felino está criticamente ameaçado de extinção, estado só comparável à Mata Atlântica, onde o animal também está em vias de desaparecer.
 
"O Boqueirão da Onça guarda provavelmente a maior população de onças-pintadas da Caatinga e a criação desta unidade de conservação é um importante passo para viabilizar a sobrevivência da espécie na região, que encontra-se criticamente ameaçada de extinção. Não existem na Caatinga, exceto o Parque Nacional da Serra da Capivara, outras áreas com populações viáveis de onças-pintadas", analisa o coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP), Ronaldo Morato.

Não é só o maior felino das Américas será beneficiado com a criação da unidade. Outro espécime que também luta contra a extinção, a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), endêmica da Caatinga baiana, também conta com esse ambiente para sobreviver. Outros animais que ocorrem na caatinga baiana são o tatu-bola, porco-do-mato, queixada e tamanduá-bandeira. Embora em situação menos crítica que a onça-pintada e a ararinha-azul-de-lear, essas espécies requerem atenção das autoridades governamentais.

Ganhos para a sociedade

Não somente animais e plantas encontrarão no Boqueirão da Onça um refúgio seguro onde poderão se desenvolver. A sociedade também tem muito a ganhar com a criação das novas unidades. Dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) foram identificadas populações quilombolas e comunidades de fundo de pasto que dependem dos recursos naturais para viver. Com a criação da APA, essas populações terão 505 mil hectares com o devido ordenamento garantindo a produção sustentável e a autonomia dessas populações.

"O Boqueirão da Onça é um lugar muito especial, importante pela sua natureza, com destaque para as onças. O parque, além de preservar a natureza, promoverá o turismo e permitir que a sociedade conheça essas maravilhas", ressalta o diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial, Cláudio Maretti.

O Boqueirão da Onça também vai proporcionar à essas populações geração de renda na área do turismo ecológico. O lugar é repleto de atrações que não ficam restritas apenas à contemplação das exuberantes faunas e floras locais.
Com a criação do Parque e da APA, o Brasil reafirma ainda mais seu compromisso de cumprir metas internacionais assumidas na Convenção da Biodiversidade (CDB/ONU). A meta 11 de Aichi estabelece que 17% da Caatinga teria que ser protegida até 2020. Além dela, a criação das novas UCs também contribui para as metas climáticas do Acordo de Paris e Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Fonte: Adaptado de ICMBIO