Cooperação entre Serviço Geológico do Brasil e UnB vai impulsionar ciência no país
24/08/2021
A partir de agora, a Universidade de Brasília (UnB) e o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) contam com todo o acervo de informações da história da exploração de óleo e gás das bacias sedimentares no país para o desenvolvimento da ciência. As instituições assinaram, nesta quinta-feira (05), um acordo de cooperação técnica para o uso compartilhado de laboratórios e desenvolvimento conjunto de projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) nas áreas de energia, água, geologia marinha, sustentabilidade, entre outros.
Milhões de dados foram disponibilizados gratuitamente na plataforma do SGB-CPRM, através de recente acordo com a ANP, para o desenvolvimento das geociências. No total, são 23 pacotes de dados, que reúnem informações referentes a 22.641 poços, 329 levantamentos sísmicos 2D, 204 levantamentos sísmicos 3D, 217 levantamentos não-sísmicos, 38 levantamentos geoquímicos e 17 estudos existentes no acervo de dados técnicos do Banco de Dados de Exploração e Produção da ANP (BDEP). O volume de informações totaliza cerca de 2,5 terabytes. O site será atualizado sempre que um novo dado for tornado público.
Pelo acordo em andamento, deverão ser disponibilizadas para guarda e gestão do SGB-CPRM amostras de óleo e gás, inclusive do pré-sal, hoje sob a guarda da Petrobras. Trata-se de um dos maiores acervos de rochas e fluidos de todo o programa exploratório para petróleo, óleo e gás do país sendo disponibilizado para consulta. Cerca de 500 mil caixas de rochas e de amostras preparadas para pesquisa estarão armazenadas sob a gestão do SGB-CPRM.
O acordo vai propiciar o desenvolvimento de projetos em maior quantidade e qualidade na área de PD&I em óleo e gás, de acordo com o diretor-presidente do SGB-CPRM, Esteves Colnago. “Esta cooperação prevê o compartilhamento de equipamentos, o que permitirá ao país ter um dos mais importantes complexos laboratoriais de isotopia e geocronologia da América Latina”, afirmou Colnago. O presidente comemorou os ganhos para a ciência e para o setor produtivo.
Um olhar para o futuro
De acordo com o chefe do Centro de Geociências Aplicadas (CGA) do SGB-CPRM Noevaldo Teixeira, o acordo de cooperação com a UnB lança um olhar para o futuro. Por meio do compartilhamento de equipamentos, as instituições almejam tornar-se referência em isotopia e geocronologia, atuando como uma rede de conhecimento.
“O consumo de metais vai acelerar de forma substancial nas próximas décadas”, projetou Teixeira, reforçando que o desafio do país é explorar os chamados “minerais do futuro” - cobalto, lítio, cobre e níquel - com sustentabilidade, através de uma matriz energética menos poluente. A parceria entre SGB-CPRM e UnB objetiva contribuir para novas descobertas, focando na ciência aplicada ao mercado.
O conhecimento é fundamental para a soberania tecnológica do país, na avaliação de Evaldo Vilela, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Transformar ciência em inovação é a maneira de criarmos riqueza e desenvolver social e economicamente o país”, afirmou. Vilela também lembrou que a cooperação entre o Serviço Geológico do Brasil e a Unb sempre existiu e gerou bons frutos, mas de forma temporária. “Hoje celebramos algo permanente”, disse.
“O Instituto de Geociências da UnB, em parceria com o Serviço Geológico do Brasil, fará um grande trabalho em benefício da sociedade brasileira”, disse a reitora da UnB Márcia Moura. Entre as áreas contempladas pela cooperação, a reitora destacou a geologia marinha: “precisamos, cada vez mais, aprofundar o conhecimento na nossa Amazônia Azul”, disse em referência aos 3,5 milhões de km² de espaço marítimo que apenas o Brasil pode explorar economicamente. A área abriga as reservas do pré-sal, de onde se retira cerca de 85% do petróleo, 75% do gás natural e 45% do pescado produzido no país.
José Elói Campos, chefe do Instituto de Geociências da UnB, vê no acordo uma oportunidade de estabelecer um vínculo entre universidades e o SGB-CPRM, a exemplo de outros países onde atuam serviços geológicos nacionais. “A parceria é o principal canal para a internacionalização do Instituto de Geociências da UnB”, afirmou o professor.
Infraestrutura
O Laboratório de Geocronologia e Geoquímica Isotópica da UnB começou a ser construído em 1995. “Pela primeira vez, vamos ter um laboratório de compartilhamento que vai possibilitar o acesso a equipamentos de alta complexidade”, comemorou o chefe do Laboratório de Geocronologia e Geoquímica Isotópica da UnB, Roberto Ventura. O docente acredita que o acordo com o SGB-CPRM vai elevar o patamar do laboratório e impulsionar trabalhos inovadores.
“Este não é mais um laboratório somente para geologia. Tem forte interação com química, engenharia florestal e inclusive ciências forenses”, afirmou Ventura. Três pesquisadores do SGB-CPRM já foram designados para atuação em conjunto com a comunidade acadêmica no laboratório.
Entre as áreas de atuação do Instituto de Geociências da UnB e interfaces com o SGB-CPRM estão o conhecimento geológico e recursos hídricos do território nacional. Os estudos desenvolvidos no Laboratório de Geocronologia e Geoquímica Isotópica também focam a sustentabilidade e o desenvolvimento tecnológico voltado para novos materiais.
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